Espectrógrafo Orbital Ajudará na Busca por Sinais de Vida Extraterrestre

Quando os astrônomos buscam sinais de vida fora do sistema solar, eles estão procurando principalmente o que os pesquisadores chamam de bioassinaturas. Estes são indicadores que denunciam que algo está vivendo em outro mundo. Assim, enquanto a Busca por Inteligência Extraterrestre (SETI, na sigla em inglês) procura comunicações alienígenas através de ondas de rádio, a maioria dos astrônomos hoje está procurando as impressões digitais químicas de materiais ligados à vida. Na Terra, por exemplo, o oxigênio é nossa bioassinatura mais clara. É a maior mudança externa para o nosso planeta desde o surgimento da vida, mais de três e meio bilhões de anos atrás.
Mas a vida não é a única maneira de produzir oxigênio. E os astrônomos não querem ser enganados se encontrarem um mundo rico em oxigênio.
Isso está levando a Nasa a lançar um projeto chamado SISTINE em um foguete que vai voar brevemente ao espaço na próxima semana e retornar de volta para a Terra. A ideia é testar uma nova maneira de observar as estrelas ao qual os exoplanetas orbitam para entender melhor como eles podem espalhar falsos sinais de vida em seus planetas. O SISTINE fará seu primeiro teste em 5 de agosto, com um segundo lançamento planejado para 2020.
Com o SISTINE  os astrônomos poderão capturar espectros de estrelas próximas que abrigam planetas. O espectro de uma estrela dirá então exatamente que tipo de luz eles emitem.
Em particular, o SISTINE terá como alvo a luz ultravioleta em uma faixa que outros telescópios em órbita não podem ver. Essa cor específica da luz pode interagir com o dióxido de carbono, separando o carbono para deixar o oxigênio molecular (dois átomos de oxigênio colados). Ou pode atingir o vapor d'água, separando hidrogênio e oxigênio, alguns dos quais se recombinam como oxigênio molecular. Nestes casos, os astrônomos podem ser capazes de espionar uma atmosfera rica em oxigênio, mesmo sem nenhuma vida presente.
Se o SISTINE puder provar a presença de luz UV na estrela, isso ajudaria os astrônomos a entender melhor esses falsos positivos da vida extraterrestre. Esse tipo específico de luz ultravioleta não é comum o suficiente no nosso sol para causar um forte efeito na química da Terra, e é por isso que precisamos de vida para criar grandes quantidades de oxigênio em nossa atmosfera. Mas isso não é necessariamente o caso em todos os lugares.
Estrelas menores e mais escuras chamadas anãs-M têm uma tendência a lançar labaredas mais frequentemente do que o nosso sol, produzindo fluxos brilhantes de luz ultravioleta que podem muito bem oxigenar seus planetas próximos.
O primeiro lançamento do SISTINE será uma mera operação de calibração, para garantir que o telescópio possa encontrar o tipo certo de luz UV. E em vez de um exoplaneta, seu teste tem como alvo uma nuvem de gás chamada NGC 6826, que é brilhante em luz UV. Se tudo correr bem, ele será lançado novamente em 2020 para conferir o sistema Alpha Centauri. Este é o sistema estelar mais próximo do nosso, e os cientistas já sabem que também tem exoplanetas.
O teste também experimentará novos revestimentos espelhados e placas detectoras e oferecerá novos insights sobre como os astrônomos podem usar as estrelas hospedeiras dos exoplanetas para entender falsas bio-assinaturas. Afinal, o oxigênio não é o único gás associado à vida na Terra; o metano é outro grande também. E também pode ser imitado por processos não biológicos. Compreendendo melhor quando e onde essas substâncias aparecem na ausência de vida, os cientistas estarão um passo mais perto de conhecer a realidade quando a virem.

Fonte: Astronomy

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