Astronautas da Apollo Podem ter Coletado a Mais Antiga Rocha da Terra

Uma rocha lunar trazida pelos astronautas da Apollo 14 em 1971 pode conter um pedacinho da antiga Terra (o 'felsite clast' identificado pela seta).

Os cientistas descobriram o que pode ser a rocha mais antiga da Terra em uma amostra lunar trazida pelos astronautas da Apollo 14. A pesquisa sobre essa possível relíquia da Terra Hadeana (entre 4,87 e 3,57 bilhões de anos atrás) foi publicada na revista Earth and Planetary Science Letters.
Uma equipe internacional de cientistas associados ao Centro de Ciência e Exploração Lunar (CLSE, na sigla em inglês), parte do Instituto Virtual de Pesquisa de Exploração de Sistemas Solares da NASA, encontrou evidências de que a rocha foi lançada da Terra por um grande asteroide ou cometa.
Este impacto lançou material através da atmosfera primitiva da Terra, no espaço, onde colidiu com a superfície da Lua (que estava três vezes mais próxima da Terra do que agora) há cerca de 4 bilhões de anos. A rocha foi posteriormente misturada com outros materiais da superfície lunar.
A equipe desenvolveu técnicas para localizar fragmentos de meteoros no regolito lunar, o que levou o investigador principal do CLSE, Dr. David A. Kring, cientista do Instituto Universitário Lunar e Planetário (LPI, na sigla em inglês) a desafiá-los a localizar um pedaço da Terra na Lua.
Liderados pelo cientista Jeremy Bellucci e pelo professor Alexander Nemchin, os membros da equipe que trabalhavam no Museu Sueco de História Natural e na Universidade Curtin, na Austrália, enfrentaram o desafio. O resultado de sua investigação é um fragmento de rocha de 2 gramas composto de quartzo, feldspato e zircão, todos comumente encontrados na Terra e altamente incomuns na Lua.
A análise química do fragmento da rocha mostra que ele se cristalizou em um sistema oxidado semelhante ao terrestre, em temperaturas terrestres, em vez de nas condições e temperaturas bem mais reduzidas da Lua.
"É um achado extraordinário que ajuda a pintar uma imagem melhor do início da Terra e do bombardeio que modificou o nosso planeta durante a aurora da vida", diz o Dr. Kring.
É possível que a amostra não seja de origem terrestre, mas cristalizada na Lua, no entanto, isso exigiria condições nunca antes inferidas a partir de amostras lunares. Seria necessário que a amostra tivesse se formado em profundidades tremendas, no manto lunar, onde composições rochosas muito diferentes são esperadas. Portanto, a interpretação mais simples é que a amostra veio da Terra.
As análises da equipe estão fornecendo detalhes adicionais sobre o histórico da amostra. A rocha cristalizou-se cerca de 20 quilômetros abaixo da superfície da Terra, entre 4,0 a 4,1 bilhões de anos atrás. Foi então desenterrada por um ou mais grandes eventos de impacto e lançado no espaço cislunar.
Trabalhos anteriores da equipe mostraram que os asteroides impactantes naquela época estavam produzindo crateras com milhares de quilômetros de diâmetro na Terra, suficientemente grandes para trazer material dessas profundidades para a superfície. Uma vez que a amostra foi lançada ao espaço e atingiu a superfície lunar, ela foi afetada por vários outros eventos de impacto, um dos quais, há 3,9 bilhões de anos, derreteu-a parcialmente, o que provavelmente a enterrou abaixo da superfície.
A amostra é, portanto, uma relíquia de um intenso período de bombardeio que moldou o sistema solar durante os primeiros bilhões de anos. Após esse período, a Lua foi afetada por eventos de impacto menores e menos frequentes.
O evento final de impacto que afetou esta amostra ocorreu há cerca de 26 milhões de anos, quando um asteroide impactante atingiu a Lua, produzindo a pequena Cratera Cone de 340 metros de diâmetro e trazendo a amostra de volta à superfície lunar onde os astronautas, há quase exatamente 48 anos atrás, em Fevereiro de 1971, nos seus quase dois dias e pouco mais de 9 horas em explorações extraveiculares, a coletou.

Fonte: Space Daily via Diversas Universidades de Pesquisas Espaciais

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