Asteroides Poderão Ser Pulverizados pela Luz?

A maioria das estrelas do Universo se tornará luminosa o suficiente para explodir asteroides vizinhos em fragmentos sucessivamente menores, usando apenas a luz, de acordo com um astrônomo da Universidade de Warwick.
A radiação eletromagnética das estrelas no final de sua fase de gigante vermelha - estágio que segue a sequência principal de estrelas de massa baixa a intermediária, durando apenas alguns milhões de anos antes de colapsarem em anãs brancas - seria forte o suficiente para girar até asteroides distantes em alta velocidade até que se separassem várias vezes. Como resultado, até o nosso próprio cinturão de asteroides será facilmente pulverizado pelo nosso sol daqui há mais de 4 bilhões de anos.
O novo estudo do Departamento de Física da Universidade de Warwick, publicado no Monthly Notices da Royal Astronomical Society, analisa o número de sucessivos eventos de desmembramento e a rapidez com que isso ocorre.
Os autores concluíram que todos, exceto os asteroides mais distantes ou menores de um sistema, se desintegrariam em um milhão de anos, deixando para trás detritos que os cientistas podem encontrar e analisar em torno de estrelas anãs brancas.
Depois que estrelas da sequência principal, como o nosso sol, queimam todo o combustível de hidrogênio, tornam-se centenas de vezes maiores durante a fase de gigante vermelha e aumentam sua luminosidade em dez mil vezes, emitindo intensa radiação eletromagnética. Quando essa expansão pára, uma estrela lança suas camadas externas, deixando para trás um núcleo denso conhecido como anã branca.
A radiação da estrela será absorvida pelos asteroides em órbita, redistribuída internamente e depois emitida de um local diferente, criando um desequilíbrio. Esse desequilíbrio cria um efeito de torque que que faz o asteroide girar gradativamente, eventualmente fazendo-o girar a uma rotação completa a cada 2 horas (a Terra leva quase 24 horas para concluir uma rotação completa). Esse efeito é conhecido como efeito YORP, em homenagem a quatro cientistas (Yarkovsky, O'Keefe, Radzievskii, Paddack) que contribuíram com idéias para o conceito.
Eventualmente, esse torque separará o asteroide em pedaços menores. Esse processo se repetirá várias etapas e, como no clássico jogo de arcade "Asteroides", eles se dividirão em asteroides cada vez menores após cada evento de destruição. Os cientistas calcularam que na maioria dos casos haverá mais de dez eventos de fissão - ou quebras - antes que as peças fiquem pequenas demais para serem afetadas novamente.
O autor principal, Dimitri Veras, do Grupo de Astronomia e Astrofísica da Universidade de Warwick, disse: "Quando uma estrela típica atinge o estágio de gigante vermelha, sua luminosidade atinge um máximo de 1.000 a 10.000 vezes a luminosidade do nosso sol. Então a estrela contrai-se rapidamente para uma anã branca do tamanho da Terra, onde sua luminosidade cai para níveis abaixo do nosso sol. Portanto, o efeito YORP é muito importante durante a fase de gigante vermelha, mas quase inexistente após a estrela se tornar uma anã branca.
"Para uma estrela gigante vermelha de massa solar - como a que o nosso sol se tornará - até a região do cinturão asteroides serão efetivamente destruídos. O efeito YORP nesses sistemas é muito violento e age rapidamente, da ordem de um milhão de anos. Não somente nosso próprio cinturão de asteroides será destruído, mas será feito de maneira rápida e violenta. E devido unicamente à luz".
Os restos desses asteroides acabarão formando um disco de detritos ao redor da anã branca, e o disco será atraído para a estrela, "poluindo-a". Essa poluição pode ser detectada na Terra pelos astrônomos e analisada para determinar sua composição.

Fonte: PHYS.ORG

Comentários