Sistema Solar Poderá ser Expulso de Nossa Galáxia?

Imagem do Telescópio Espacial Hubble representando uma fusão entre duas galáxias (M51a e M51b) semelhante em massa à Via Láctea e à Grande Nuvem de Magalhães.

Uma galáxia próxima está avançando em direção à Via Láctea em rota de colisão que poderia lançar nosso sistema solar no espaço interestelar.
Nova pesquisa conduzida por astrofísicos da Universidade de Durham, no Reino Unido, prevê que a Grande Nuvem de Magalhães (LMC) poderia atingir a Via Láctea em dois bilhões de anos. A colisão pode ocorrer muito antes do impacto previsto entre a Via Láctea e outra galáxia vizinha, Andrômeda, que segundo os cientistas atingirá nossa galáxia em oito bilhões de anos.
A catastrófica união com a Grande Nuvem de Magalhães poderia acordar o buraco negro de nossa galáxia, que começaria a devorar o gás circundante e aumentaria de tamanho em até dez vezes.
À medida que se alimenta, o buraco negro agora ativo jogaria fora radiação de alta energia e, embora esses fogos de artifício cósmicos provavelmente não afetariam a vida na Terra, os cientistas dizem que há uma pequena chance de que a colisão inicial possa enviar nosso sistema solar no espaço interestelar.
As descobertas foram publicadas em 4 de janeiro na revista Monthly Notices, da Royal Astronomical Society.
Galáxias como a nossa própria Via Láctea estão cercadas por um grupo de galáxias satélites menores que orbitam em torno delas, de forma semelhante a como as abelhas se movendo em torno de uma colmeia. Normalmente, essas galáxias satélites têm uma vida tranquila e orbitam em torno de seus hospedeiros por muitos bilhões de anos. No entanto, de tempos em tempos, colidem e são devoradas pela sua galáxia hospedeira.
A Grande Nuvem de Magalhães é a galáxia satélite mais brilhante da Via Láctea e só entrou em nossa região cerca de 1,5 bilhão de anos atrás. Ela fica a cerca de 163.000 anos-luz da Via Láctea. Até recentemente, os astrônomos pensavam que orbitaria a Via Láctea durante muitos bilhões de anos, e, uma vez que se move tão rapidamente, escaparia da força gravitacional da nossa galáxia.
No entanto, medições recentes indicam que a Grande Nuvem de Magalhães tem quase o dobro de matéria escura do que se pensava anteriormente. Os pesquisadores dizem que, como tem massa maior do que a esperada, a Grande Nuvem de Magalhães está rapidamente perdendo energia e está condenada a colidir com a nossa galáxia.
A equipe de pesquisa, liderada por cientistas do Instituto de Cosmologia Computacional da Universidade de Durham, trabalhou com a simulação de supercomputadores EAGLE para prever a colisão.
O autor principal Dr. Marius Cautun, um pós-doutorado no Instituto de Cosmologia Computacional da Universidade de Durham, disse: "Enquanto dois bilhões de anos é um tempo extremamente longo comparado a uma vida humana, é um tempo muito curto em escalas cósmicas".
A destruição da Grande Nuvem de Magalhães, enquanto ela é devorada pela Via Láctea, causará estragos em nossa galáxia, acordando o buraco negro que vive no seu centro e transformando nossa galáxia em um núcleo galáctico ativo ou quasar.
"Este fenômeno irá gerar poderosos jatos de radiação de alta energia que emanará do lado de fora do buraco negro. Isso não afetará o nosso sistema solar, mas há uma pequena chance de que nós não escapemos ilesos da colisão entre as duas galáxias que poderiam nos expulsar para fora da Via Láctea".
O professor Carlos Frenk, diretor do Instituto de Cosmologia Computacional da Universidade de Durham, disse: "Por mais bonito que seja, nosso universo está em constante evolução, muitas vezes através de eventos violentos como a colisão com a Grande Nuvem de Magalhães".
"Salvo qualquer outro desastre, como um grande distúrbio no sistema solar, nossos descendentes, se houver, ficarão fascinados: uma espetacular exibição de fogos de artifício cósmicos quando o recém-despertado buraco negro supermassivo no centro de nossa galáxia reagir emitindo jatos de radiação energética extremamente brilhantes".
Segundo os pesquisadores, a fusão das duas galáxias poderia estar atrasada em termos cósmicos.
O Dr. Alis Deason, do Instituto de Cosmologia Computacional da Universidade de Durham, disse: "Acreditamos que até agora a nossa galáxia teve apenas algumas fusões com galáxias de massa muito baixa. Isso representa muito pouco quando comparadas a galáxias próximas do mesmo tamanho como a Via Láctea".
"Por exemplo, nosso vizinho mais próximo, a galáxia de Andrômeda, devorou ​​galáxias pesando cerca de 30 vezes mais do que as consumidas pela Via Láctea. Portanto, a colisão com a Grande Nuvem de Magalhães está muito atrasada".

Fonte: Space Daily via Durham University

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