Astrônomos Observam pela Primeira Vez o Colapso de uma Estrela

Uma olhada na "Vaca" (Cow, em inglês) - aproximadamente 80 dias após a explosão - pelo W.M. Observatório de Keck em Maunakea, Havaí. A vaca está aninhada na galáxia CGCG 137-068, a cerca de 200 milhões de anos-luz da Terra.

Há cerca de 200 milhões de anos, pouco depois dos dinossauros aparecerem na Terra, uma estrela colapsou em uma galáxia próxima. O colapso da estrela provocou uma explosão ultra-brilhante que enviou radiação pelo Cosmos. A luz finalmente alcançou o céu terrestre no verão passado, formando um farol novo e estranho na constelação de Hércules.
Os telescópios gêmeos da pesquisa ATLAS, no Havaí, foram os primeiros a identificar a estrela explosiva em 17 de junho de 2018. E astrônomos de todo o mundo logo viraram seus telescópios e atenção para estudar o misterioso objeto compacto criado no rescaldo. Combinando ondas de rádio, raios gama e raios-X, os astrônomos suspeitam que o objeto, chamado oficialmente de AT2018 e informalmente chamado de "A Vaca", é provavelmente um buraco negro ou uma estrela de nêutrons cercada por escombros estelares rodopiantes.
Mas ainda não se sabe exatamente o que. No entanto, vendo como estrelas massivas são conhecidas por formar estrelas de nêutrons ou buracos negros quando colapsa, os astrônomos pensam que o objeto pode ser um ou outro.
De qualquer maneira, esta é a primeira vez que o nascimento de tal objeto foi capturado. "Nós nunca fomos capazes de vê-los imediatamente no momento da formação", disse Raffaella Margutti, da Northwestern, que liderou a pesquisa.


Brilhante e Rápido

O evento inicialmente chamou a atenção dos pesquisadores porque era muito brilhante. O colapso estelar foi cerca de 10 a 100 vezes mais brilhante do que uma supernova típica, e atingiu esse pico rapidamente. "A razão pela qual todo mundo se empolgou com "A Vaca" é que, na observação óptica, subiu para o pico em poucos dias e atingiu uma luminosidade muito alta", disse Margutti.
Depois que a explosão brilhante apareceu nos céus da Terra, ela rapidamente usou a maior parte de sua energia em apenas 16 dias, embora os astrônomos puderam monitorar o objeto por 27 dias após sua descoberta. Como eventos cósmicos podem levar milhões de anos para desaparecer, esse evento luminoso foi notavelmente rápido.
De acordo com Margutti, a equipe conseguiu capturar o momento da formação porque a explosão produziu cerca de 10 vezes menos detritos estelares ejetados do que em um típico colapso estelar maciço. Normalmente, uma grande quantidade de detritos estelares bloqueia a visão dos astrônomos sobre o objeto. Mas, porque havia muito menos detritos do que o habitual, isso deu à equipe uma oportunidade única de ver a radiação imediatamente. Localizada na galáxia anã CGCG 137-068t a apenas 200 milhões de anos-luz de distância, a explosão também foi relativamente próxima da Terra, o que ajudou na capacidade da equipe de identificá-la e estudá-la. "Isso é muito próximo para este tipo de evento", disse Margutti. "É o mais próximo já encontrado".
Margutti e sua equipe examinaram de perto a composição química usando o W.M. Observatório Keck, no Havaí, o Observatório MMT, no Arizona, e o telescópio SoAR, no Chile. Com essas observações, os pesquisadores encontraram evidências de hidrogênio e hélio.
Até agora, os pesquisadores que estudam objetos compactos criados por estrelas em explosão só conseguiram estudá-los centenas de anos após a formação. Com essas novas observações, os cientistas são capazes de olhar para um objeto compacto em um momento de sua vida que nunca foi capturado antes. Isso abre as portas para pesquisas que nunca foram possíveis antes.

Fonte: Astronomy

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