"A ideia de buracos negros primordiais como sendo a matéria escura é bastante antiga, com alguns trabalhos já nos anos 70, quando Stephen Hawking e outros propuseram esse argumento", disse o principal autor do estudo, Miguel Zumalacárregui, do Berkeley Centre for Cosmological Physics. Os cientistas não encontraram nenhuma prova para a ideia nos anos 90, e isso começou a desaparecer como uma explicação. Mas a detecção de ondas gravitacionais em 2015 reacendeu a consideração dos buracos negros como uma explicação para a matéria escura.
Agora, depois de analisar 740 das supernovas mais brilhantes, descobertas desde 2014, os cientistas não encontraram nenhuma que parecesse ser ampliada por "lentes gravitacionais". As lentes gravitacionais são um efeito onde buracos negros ampliam objetos brilhantes por trás deles.
"Nossa análise estatística mostrou que a maior parte da matéria escura (pelo menos 60%) não é feita de buracos negros", disse Zumalacárregui.
Uma das explicações comuns para a matéria escura é um grupo de objetos cósmicos chamados MACHOs, ou Objeto Maciço Compacto do Halo. Ao invés de tentar explicar a matéria escura como pequenos objetos espalhados, como algumas partículas desconhecidas, os MACHOs seriam objetos grandes como buracos negros, estrelas mortas e falsos planetas - todos objetos grandes e difíceis de ver.
Lente Gravitacional
A equipe de pesquisa baseou sua análise na compreensão de que buracos negros primordiais - buracos negros hipotéticos criados logo após o big bang - ou qualquer outro MACHO, gravitacionalmente distorceriam a luz de objetos distantes.
Então, na busca por qualquer desses objetos distantes e brilhantes, a equipe estava procurando detectar lentes gravitacionais produzidas por buracos negros.
A equipe de pesquisa descobriu que nenhuma dessas supernovas parecia ter sido ampliada por lentes gravitacionais "ocultas" produzidas por buraco negro. Eles concluíram que os buracos negros primordiais não poderiam conter mais de 40% da matéria escura, e que nenhuma matéria escura do Universo poderia ser composta de buracos negros pesados ou objetos semelhantes. Uma reanálise ainda não publicada pela mesma equipe usando dados de 1.048 supernovas reduz ainda mais essa porcentagem, para 23%, de acordo com um comunicado.
Matéria Escura Leve
De acordo com este trabalho, ainda não podemos excluir completamente os buracos negros da matéria escura, mas isso mostra que deve haver muito mais para explicar.
"Nosso trabalho reforça modelos de "matéria escura leve" (partículas escuras que interagem fracamente com partículas massivas - WIMPS) e nos diz que eles precisam ser distribuídos de forma relativamente suave, não formando objetos compactos pesados", disse Zumalacárregui.
Fonte:Discover
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